quinta-feira, 19 de maio de 2011

Prova aberta - Maquiagem

Na primeira prova aberta, maquiagem, apresentamos uma cena de "O Tartufo" (na minha opinião, a cena mais engraçada da peça de Moliére)

Valére: Doug
Mariane: Marcela
Dorine: Jéssica

ATO II - Cena IV

VALÈRE               Mariane, acabam de me dar uma notícia que eu não sabia e que é, sem dúvida, muito interessante.
MARIANE            Qual?
VALÈRE               Que você vai desposar Tartufo.
MARIANE            É certo que meu pai pôs esse plano na cabeça.
VALÈRE               Seu pai, Mariane...
MARIANE            Mudou de opinião: ele mesmo acaba de me dizer.
VALÈRE               E qual partido que tomará diante disso, senhora?
MARIANE            Não sei.
VALÈRE               A resposta é honesta. Não sabe?
MARIANE            Que é que me aconselha a fazer?
VALÈRE               Eu lhe aconselho a aceitar esse esposo.
MARIANE            Você me aconselha isso?
VALÈRE               Sem dúvida: a escolha é gloriosa e vale a pena que seja aceita.
MARIANE            Pois bem, senhor! Aceito seu conselho.
VALÈRE               Não lhe será muito difícil segui-lo, ao que parece.
MARIANE            Não mais do que lhe foi em dá-lo, acho.
VALÈRE               Eu o dei tão-somente para lhe ser agradável, senhora.
MARIANE            E eu o seguirei para agrada-lo.
DORINE               Vamos ver o que sairá disso.
VALÈRE               Então, é assim que se ama?
MARIANE            Não falemos disso, por favor, pois é você que me dá conselho tão salutar.
VALÈRE               Não venha desculpar-se com as minhas intenções. Você já havia tomado sua resolução e agora lança mão de um pretexto frívolo que a justifique por faltar à palavra.
MARIANE            É verdade, muito bem dito.
VALÈRE               Sem dúvida, e o seu coração nunca nutriu por mim verdadeiro amor.
MARIANE            Ai de mim! É-lhe permitido ter tal pensamento.
VALÈRE               Sim, é permitido; mas minha alma ofendida talvez se lhe antecipe em projeto semelhante, tenho muito pouco sem dúvida, a julgar pelo caso que faz dele. Mas espero que outra terá por mim muitas atenções e bem sei quem consentirá, de bom grado, em reparar minha perda.
MARIANE            Não é grande a perda; e você se conformará facilmente com a troca.
VALÈRE               Farei o possível, e pode crê-lo.  Por acaso pretenderia você que eu conservasse eternamente todo meu amor, vendo-a passar para outros braços?
MARIANE            Ao contrário; quanto a mim, é isso mesmo o que desejo. Gostaria que já fosse realidade.
VALÈRE               Deseja mesmo?
MARIANE            Sim.
VALÈRE               Basta de insultos, senhora, e desta maneira vou satisfaze-la. (Dá um passo para ir embora mas volta atrás.)
MARIANE            Até que enfim.
VALÈRE               Não me chamou?
MARIANE            Eu? Está sonhando.
VALÈRE               Muito bem! Continuo meu caminho. Adeus, senhora.
MARIANE            Adeus, senhor.
DORINE               Quanto a mim, acho que vocês estão perdendo a cabeça com essa extravagância. E eu os deixei discutir até agora só para ver até onde podiam chegar. Ei! Senhor Valère. (Ela vai detê-lo pelo braço e ele finge resistir.)
VALÈRE               Que é que você está querendo, Dorine?
DORINE               Venha cá.
VALÈRE               Não, não, o despeito de domina. Não me faça voltar atrás naquilo que ela desejou.
DORINE               Pare.
VALÈRE               Não, está vendo? É caso resolvido.
DORINE               Ah!
MARIANE            Ele não suporta minha presença e seria muito melhor que eu fosse embora.
DORINE               E você, para onde vai? (deixando Valère e correndo para Mariane)
MARIANE            Largue-me!
DORINE               É preciso voltar.
MARIANE            Não, não, Dorine: é inútil querer me deter.
VALÈRE               Vejo que minha presença é um suplício para ela.
DORINE               Outra vez? Que diabo o carregue se deixar você embora! (deixando Mariane e correndo para Valère)
       Acabem com essa brincadeira e venham cá os dois. (puxa-os, um para o outro.)
MARIANE            Que queres fazer?
DORINE               Que façam as pazes e saiam desse embaraço. Você está louco para brigar dessa maneira?
VALÈRE               Você não ouviu de que maneira ela falou comigo?
DORINE               Você está louca, ficando zangada assim?
Olha essa roupinha ridicula! rs
MARIANE            Não acompanhaste tudo? E viste como ele me tratou?
DORINE               Tolice de ambos os lados. Ela não quer outra coisa a não ser conservar-se fiel a você, pode estar certo. Você é a única para ele: não alimenta outro desejo senão o de ser seu esposo. Vocês dois estão malucos. Vamos, a mão de um e de outro. Vamos, os dois.
VALÈRE               Para que dar a mão? (dando a mão a Dorine)
DORINE               Agora a sua. (dando também a mão)
MARIANE            Para que tudo isso?
DORINE               Meu Deus! Depressa, aproximem-se. Vocês gostam um do outro mais do que imaginam.
VALÈRE               Mas não faça tudo isso com dificuldade e olhe pelo menos para mim sem ódio. (Mariane volta os olhos para Valère e esboça um sorriso.)
DORINE               Para dizer-lhe a verdade, os apaixonados são mesmo malucos!


Foto de fim de aula:

Carlos (A Casa de Bonecas), Fernanda e Maria (Farsa de Inês Pereira), Marcela e Doug (O Tartufo)

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